terça-feira, 10 de novembro de 2015

Criar os filhos para nós ou para o mundo?


Não, eu não vou criar um filho para mim mesma. E não, eu não vou criar um filho para o mundo. Não? Mas ué, você é doida! Vai criar um filho para quem então?
Não sou mentirosa ao ponto de dizer que não vou criar um filho para mim mesma, porque querendo ou não, você ama aquela criaturinha, ela tem um pouquinho de você. Você olha, ela te reflete, então de certa forma vai querer protegê-la para ter um pouquinho para você.
Não sou mentirosa ao ponto de dizer que vou criar meu filho totalmente par ao mundo. Sabe, se eu quisesse um filho que não fosse nadinha meu ou nem um pouquinho para mim era melhor nem tê-lo.
Mas para mim não. É claro que ele tem que ele tem que saber conviver em sociedade e ser bem ser humano. E é por isso que ele precisa ser um pouquinho do mundo. 
Mas na verdade, eu quero um filho que seja criado para ele mesmo. Pra ele se autodescobrir, se olhar no espelho e ter uma identidade, fazer a diferença no mundo, mas que ao mesmo tempo ele pegue as características boas minhas. E que ele reflita minhas características e escolha as que ele quer ou não quer. Que saiba dar carinho e saiba amar seus pais, pois assim ele vai aprender sobre o amor verdadeiro. Eu quero também que ele seja meu amigo, mas também quero que ele saiba olhar para o mundo e refletir, escolher entre o bom e o mau. Saber escolher a melhor caminha a seguir, saber analisar, criticar, ser ser humano, mas acima de tudo: ter humanidade. Eu quero um indivíduo que tenha autoconhecimento, saiba o que é e tenha as próprias escolhas.
Quero um ser humano que um dia vá andar de bicicleta e eu lhe aconselhe a não fazer algo e lhe diga: "Escolha, você pode fazer isso, eu não vou te proibir. Mas espero e desejo que você não faça, pois eu te amo, porque se fizer, pode se machucar. Mas você tem direito de fazer!"
E se ele fizer e vier a cair, vou lhe explicar porque aquilo não lhe faz bem. Porém se ele me obedecer, vou saber que ele me ama (assim como me ama se desobedecer, apesar de ser teimoso) e que acreditou nas minhas palavras. E poderá aprender sem ter de sofrer, e se for preciso sofrer, aprenderá por si só. Mas se ele me desobedecer e não acontecer nada? Direi-lhe que foi um jogo de sorte, e se algo vier a acontecer quero que ele saiba que lhe avisei desde o princípio. Isso ser jogar na cara, apenas deixando sua consciência rodopiar.
Sempre lhe aconselharei qual caminho tomar. Porque um pai é aquele que ama acima de tudo (sangue, diferenças de pensamento, crenças...) , ao ponto de deixar seu filho escolher seus caminhos, mesmo que lhe doa vê-lo sofrer se for o caso. Eles vão deixar, mas vão instruí-lo: "Por favor, não faça isso! Você vai se machucar!" .
Não é uma palavra dura de ser ouvida ou dita, porém às vezes é necessária. Outras vezes será preciso dizer sim, quando ele for embora, para longe de debaixo de suas asas. "Sim, meu filho, vá! Siga seu caminho!"
Porque a gente não cria um filho apenas, criamos seres humanos. Seres que precisam de humanidade, amor, discernimento acima de tudo. Um ser humano que não seja movido apenas por impulsos ou reações, mas que reflita e quando tratar-se de um impulso, saberá que aquilo que ele fez é o que colherá. E o que ele for é simplesmente o que é!
Giovana de Carvalho Florencio


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