sábado, 21 de maio de 2016

Resenha- O Sol é Para Todos



Oi, pessoal! Hoje estou aqui para falar sobre um livro incrível, escrito por Harper Lee. E o mais interessante é a visão apresentada. A perspectiva central, ou seja da personagem que narra os fatos,  é como se ela tivesse rememorando os fatos da infância dela e com uma visão muito angelical, aquela visão de quem está descobrindo o mundo.  O que suavizou fatos tão duros.



Editora: José Olympio- Record

Ano: 2015 
Páginas: 364
Sinopse:Um livro emblemático sobre racismo e injustiça: a história de um advogado que defende um homem negro acusado de estuprar uma mulher branca nos Estados Unidos dos anos 1930 e enfrenta represálias da comunidade racista. O livro é narrado pela sensível Scout, filha do advogado. Uma história atemporal sobre tolerância, perda da inocência e conceito de justiça.
O sol é para todos, com seu texto “forte, melodramático, sutil, cômico” (The New Yorker) se tornou um clássico para todas as idades e gerações.
Curiosidades:
• Com nova tradução e projeto gráfico, este clássico moderno volta à cena, justamente quando a autora lança uma continuação dele, causando euforia no mercado.
• Desde o anúncio de sua sequência, O sol é para todos é um dos livros mais buscados e acessados no site do Grupo Editorial Record.
• Já vendeu mais de 30 milhões de cópias nos Estados Unidos e, no último ano, ganhou a recomendação do presidente Barack Obama, que proferiu o seguinte elogio: “Este é o melhor livro contra todas as formas de racismo”.
• Vencedor do Prêmio Pulitzer.
• Escolhido pelo Library Journal o melhor romance do século XX.
• Eleito pelos leitores de Modern Library um dos 100 melhores romances em língua inglesa.
• Filme homônimo venceu o Oscar de melhor roteiro adaptado.

Sobre o livro:
A história se passa no interior dos EUA no Alabama, em uma cidade chamada Maycomb, e basicamente aborda sobre o preconceito, tendo como foco o racismo. Mesmo em  obras como 12 anos de escravidão ou em E o Vento levou não vemos uma visão com um embate tão reflexivo sobre o preconceito, principalmente no cotidiano.
Como eles lidavam com essa situação, na época? Eles simplesmente achavam isso muito normal, com um certo pensamento de que uns eram inferiores aos outro. E olha que alguns ainda pensam assim. Sendo que já sabemos que somos só uma raça, porque as diferenças genéticas são mínimas. A partir daí começamos a refletir sobre muitas coisas.
O livro é divido em duas partes, a primeira conta sobre os personagens. A protagonista, Jean Louise, a quem todo mundo chama de Scout e o irmão dela- Jeremy, mas chamado por Jem, são os personagens centrais. O livro mostra a fase de crescimento deles, e a puberdade dele, aquela fase de 10 a 13 anos. O interessante é que podemos acompanhar o amadurecimento dos personagens.  
Tem algumas partes engraçadas também. Um amigo deles, Dill,  vai todo verão passar as férias na casa da tia. Ele e Scout tem um amor muito puro e infantil, eles brincam que são noivos.  Há um dia que sua tia vai morar com a família no intuito de instruí-los, já que as crianças são órfãs de mãe. Essa tia diz para Scout que vai acompanhar seu crescimento até esta se tornar uma mulher, ensinar a se portar como tal para o dia em que começar a gostar de rapazes. A menina fica abismada com a ideia de gostar de um menino, sendo que é "noiva" de Dill. Essa doçura com que os personagens são mostrados é muito bacana.
Essa tia deles é muito mandona, ela se preocupa muito com o nome da família, com as aparências e tal, mas ainda assim não é uma pessoa má, como vamos percebendo ao longo do livro. Tem a funcionária deles, que é uma negra chamada Calpúrnia. Eu realmente gostei dela, ela demonstra ser uma pessoa muito forte. Tem uma parte que ela leva os meninos para a igreja dela, a qual era só para negros. Eu pensei “nossa, que coragem". Porque existia o preconceito contra os negros, mas também dos negros contra os brancos. Eles não se misturavam. Por exemplo, tem uma parte em que somos apresentados a um personagem mestiço, mas ninguém o quer. Os brancos não o integra,m pois para eles, ele é negro. Os negros não o integram, pois para eles, ele é branco. Até pouco tempo atrás ainda existia muito disso, porque demorou certo tempo até que a miscigenação revertesse isso.
Temos ainda o pai deles, um advogado chamado Sr. Finch. Ele é um ótimo exemplo de pessoa: se preocupa com todos e compreende o mundo de uma forma geral. Além disso, educa os filhos sem bater, mas pela conversa e pelo diálogo, sempre esclarecendo suas dúvidas. É um homem muito a frente de seu tempo, definitivamente.  Este personagem é o que mais critica a questão do racismo, nem tanto por palavras, mas por ações.
Na segunda parte do livro é que acontecem as coisas. Tudo aborda uma defesa do Sr. Finch: Tom.  Este personagem é um negro acusado de ter abusado sexualmente de uma menina. Essa é filha do Sr. Ewell, este já não era bem considerado na cidade, pois ele e sua família viviam de ajuda do governo, moravam afastados da cidade e não trabalhavam. E esse rapaz, Tom, passava todo dia pela casa deles quando ia ao trabalho. Então, a menina pediu-lhe para ajudá-la com pequenos serviços na casa, como cortar madeira. E com o tempo, ela se sentiu atraída por ele. Sendo que na verdade ele era casado e só estava com dó dela. Isso choca muito a sociedade da época: como um negro teria dó de uma branca? Mas nós hoje sabemos que a pena não tem nada a ver com cor, não é mesmo?
A menina passava todo dia em casa, cuidando dos irmãos mais novos, com um pai semi bêbado, afinal, Tom tinha todas razões para ter pena dela. Mas tudo acontece quando ela tenta beijá-lo e o Sr. Ewell vê. Tom foge e o pai a agride. E é então que ele tenta culpar o rapaz de tê-la abusado. Mesmo assim fica muito claro no livro o que aconteceu. Essa  atitude dos Ewell vem por vários motivos, primeiro o racismo e depois por defender o nome da família. Mas o pior mesmo é durante o julgamento de Tom...
É muito triste ver como o preconceito era e por vezes ainda é. Vemos esse preconceito de várias formas. Como quando Scout pergunta ao pai porque mulheres não podiam serem juradas. São assuntos assim: o direito da mulher, o direito do cidadão, o direito do negro, de todas pessoas como iguais.
Tem um personagem chamado Arthur que passa o tempo todo dentro de sua casa. Ele teve uma adolescência conturbada e depois disso decidiu ficar recluso. As crianças querem que ele saia de casa, porque elas estão curiosas, e há várias histórias sobre a casa deles. Então, descobrimos que ele ficou dentro de casa porque ele queria ficar, porque achava melhor assim. No sentido: O mundo exterior é muito cruel. Apesar de tudo, ele está presente na vida das crianças e os ajuda no fim da história.
Além disso, tem outros personagens que amarram a história. Como os Cunninghams, que vivem de agricultura, e ainda devemos lembrar que a história se passa na década de trinta, logo após a crise de 29.  Aborda essa questão da pobreza, também. Ainda que o foco do livro seja a igualdade.
Refletindo sobre o título "To Kill a Mokingbird", Mokingbird seria o pássaro cantante, o qual sua única função é cantar, então matá-lo é como matar o direito à vida. Essa é a ideia central da obra. O título em português apesar de ter sido escrito de forma bem diferente, ficou com um sentido muito bom. O escritor Edwin Bruell resumiu o simbolismo quando escreveu em 1964, "'To kill a mockingbird é sobre matar o que é inocente e inofensivo, como Tom Robinson.
O livro é de 1960 e existe um filme de 1962 que até onde sei é muito bom. Eu ainda não encontrei para assistir, mas acredito que valha a pena.
Para concluir, há um trecho em especial que eu gostaria de citar:
" — Antes de terminar, só mais uma coisa, meus senhores. Certo dia, Thomas Jefferson disse que todos os homens são criados iguais.[...]Ao contrário do que algumas pessoas nos querem fazer acreditar, nós sabemos que os homens não são criados iguais... uns são mais espertos do que outros, há pessoas que têm mais oportunidades porque nasceram com elas, alguns homens ganham mais dinheiro do que outros, algumas senhoras fazem bolos melhores do que outras... algumas pessoas nascem mais dotadas do que a maioria das restantes. «Mas há um aspecto, neste país, em que os homens são criados iguais... há uma instituição humana para a qual um pobre é igual a um Rockefeller, um homem estúpido é igual ao Einstein e o ignorante é igual ao reitor de uma universidade. Meus senhores, esta instituição é um tribunal. Tanto pode ser o Supremo Tribunal dos Estados Unidos como o mais humilde dos tribunais do país, ou até mesmo este venerável tribunal que servimos. Tal como todas as instituições humanas, os nossos tribunais também têm as suas falhas, mas os tribunais deste país são os grandes niveladores e nos nossos tribunais todos os homens são criados iguais. «Não sou um idealista que acredita firmemente na integridade dos nossos tribunais e no sistema de júri... isso para mim não é um ideal, mas sim uma realidade de vida e de trabalho. Meus senhores, este tribunal não é melhor nem pior do que cada um dos senhores aí sentados no lugar do júri. Um tribunal é tão são como o seu júri e um júri é tão são como os homens que o constituem. Tenho plena confiança que os senhores irão rever as provas apresentadas sem paixão, tomar uma decisão e devolver este arguido à sua família. Em nome de Deus, façam o vosso dever"
 Esse é mais um livro que indico. Espero que tenham gostado da resenha. Abraços e até mais!
Giovana de Carvalho Florencio


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