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sábado, 7 de janeiro de 2017

Resenha- O Palácio de Inverno

O Palácio de Inverno
Comecei o ano de 2015 com uma excelente recomendação de livro. Este mesmo o qual iniciei 2016 lendo e começo 2017 recomendando. O Palácio de Inverno é aquele livro que tem tudo o que aprecio: história com contexto histórico, se passa na Rússia ( país o qual me chama muita atenção em termos históricos), trata de temas delicados e possui um brilhante escritor. John Boyne já é famoso por "O menino do Pijama Listrado". Caso tenha se interessado sinta-se convidado a ler essa resenha.

Editora: Companhia das Letras
Páginas: 456
Ano: 2010

Sinopse: Pode-se fugir da história? Será possível viver no anonimato após uma existência de fausto e glória? A vida comum é assim tão diferente da vida pública? Geórgui Jachmenev passou a vida inteira se debatendo com essas questões, e agora, prestes a perder o grande amor de sua vida, tenta encontrar uma resposta para elas ao refletir sobre seu percurso num século XX que sempre lhe pareceu longo demais.
Seus feitos começaram cedo: aos dezesseis anos, em ação impulsiva e atabalhoada, o rapaz impediu um atentado contra a vida de ninguém menos que o grão-duque Nicolau Nicolaievitch, irmão do czar Nicolau II, que, agradecido, nomeou Geórgui o guarda-costas oficial de seu filho Alexei, destinado a ser o próximo czar. Uma reviravolta impressionante, que o levou da taiga russa para o fausto dos palácios moscovitas, cenário que, apesar da amplidão e luxo de seus imensos corredores, iria se revelar bem mais inóspito que os frios grotões de sua vida anterior.
A dura experiência com esse mundo gélido de intrigas palacianas, às quais sempre era jogado contra sua vontade, e de grandes tensões e responsabilidade só foi apaziguada com a chegada do primeiro amor, Zoia. Mas os tempos eram agitados, e a história deixou pouco espaço para idílios: quando a Revolução Bolchevique tomou de assalto o país, e isolou toda a família do czar numa casa de campo nos arredores de Ekaterinburg, mais uma vez Geórgui teve de agir rápido a fim de salvar a si e a Zoia. A vida com ela lhe custaria pátria, família e prestígio, e ele jamais se arrependeu disso - mas e para Zoia, o que teria custado?
Numa narrativa fascinante, em que presente e passado vão convergindo em capítulos alternados, da Inglaterra dos anos Thatcher para a época dos czares russos, e dos anos difíceis da Segunda Guerra Mundial para o turbilhão da Revolução Bolchevique, acompanhamos Geórgui em meio a acontecimentos históricos decisivos que acabam por se revelar mero pano de fundo para uma história de amor que esconde um grande mistério, talvez maior mesmo que a própria história.

Sobre o Livro: Não é preciso ser fã de romances históricos para achar palácios, princesas, reis e guerras algo interessante. John Boyne parece ter talento de abordar essas temáticas e deixá-las mais leves, e ainda carregadas de lições. Intercalando passado e presente, nosso autor conta a vida de Geórgui do ponto de vista da juventude e velhice, uma de foma crescente  e outra decrescente, até que se encontrem.  O melhor de tudo é que no contexto geral cada detalhe da obra se soma até desembocar no incrível final. 
O final realista e sensível está dentro dos fatores da obra que tornaram-na ainda mais complexa e valiosa. Ao mesmo tempo que podemos ver a doçura da juventude,da esperança e do amor na fase jovem do protagonista, encontramos o realismo e as fatalidades da vida em sua fase adulta. O conceito final de solidão é de arrepiar do dedão do pé a ponta do cabelo. Durante 2016 pude refletir e interiorizar essas mensagens em minha vida.
Quanto a narrativa, por sua vez, vemos a história de Geórgui em sua juventude escolhendo e sendo escolhido pela vida para servir a família real, como guarda costas do frágil príncipe Alexei no palácio junto ao Czar e toda família real. Mal sabia ele, mas toda essa mudança mudaria sua vida para sempre. De forma orgânica vemos a derrocada do império Russo e a ascensão da URSS, com direito a presença da Primeira Guerra Mundial, o temido Rasputin e a transformação de São Petersburgo em Petrogrado e por fim em Leningrado.
Na outra fase, simultaneamente, observamos a velhice e as doenças dessa, a preocupação com a morte, depressão, filhos e relacionamento conjugal entre Geórgui  adulto e sua companheira da vida Zoia. Ainda o que não poderia faltar, é a paixão que o protagonista vai criando pela literatura e como a vida dentro das bibliotecas também influencia sua vida de forma maravilhosa. O melhor de tudo: Vemos a vida como ela é, cheia de altos e  baixos.
Esse livro é daqueles bem construídos, com bons personagens, um enredo envolvente e impactante. Eu tenho o hábito de recomendar os livros que gosto, porém, dessa vez quero mais do que recomendar, quero pedir encarecidamente que não perca a oportunidade de ler esse autor nessa mais belíssima obra. Mais do que uma aula de história, "O Palácio de Inverno" é uma lição de vida, sem moralismos, nua e crua. Depois de tudo, sobra só um desejo: um dia quero conhecer o "Palácio de Inverno" nas noites brancas com esse livro nas mãos.

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